Água em Alenquer

A qualidade da água fornecida pela rede pública em Alenquer, é de fugir de medo...

Consumir água da rede pública em Alenquer é cada vez mais um exercício de risco elevado, tais são os sinais bem evidentes de deterioração do líquido precioso. O Fundamental teve acesso a um conjunto de análises efectuadas por um laboratório independente e os valores daí resultantes não deixarão indiferentes mesmo os menos avisados nestas matérias. A amostra de água da rede pública foi colhida na freguesia de Meca e apresenta valores assustadores, se comparados com os níveis aceites como indicadores da boa qualidade da água. É o caso dos parâmetros que analisam os métodos e processos de produção da água, cujos valores deveriam situar-se entre 0 e 10, mas que no caso da amostra recolhida no Fiandal apresenta um valor assustador de 741! O mesmo sucede com o pH verificado, que é de 7,5, bastante acima do máximo recomendado, que é de 5,5. Assustadores são, igualmente, os valores alusivos à quantidade de calcário contida na amostra recolhida em Meca, que se situa no valor 86, quando os valores tidos como aceitáveis oscilam entre... 1 e 6. Trata-se de números aparentemente catastróficos no contexto da boa qualidade que era exigível à água da rede pública no Município alenquerense, valores que foram apurados numa análise levada a cabo a 12 de Novembro último pela Hidroword. Desta mesma análise resultaram igualmente valores elevados em relação ao recomendado no contexto do cloro e do ferro presentes nas amostras, ainda que tais valores tenham sido impossíveis de determinar com exactidão dado que a análise em causa foi efectuada através de reagentes.

Mais ácido que água. Com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 306/07, de 27 de Agosto, passou a constituir obrigação de cada município a publicação dos resultados obtidos nas análises de demonstração da qualidade da água consumida pelos munícipes. Ainda segundo o mesmo decreto, esta publicação deve ser acompanhada de elementos informativos que permitam aos munícipes avaliar o grau de cumprimento das normas de qualidade da água para consumo humano. A Câmara de Alenquer está assim obrigada a pesquisar e monitorizar um conjunto de 38 parâmetros que detectam a presença de microorganismos e substâncias tóxicas tais como metais pesados, chumbo ou mercúrio, ou ainda determinadas substâncias indesejáveis, tais como os compostos de interacção do cloro com a água, sendo que tais análises devem ser efectuadas em diversos pontos da rede de abastecimento. Deste modo, competiria à Câmara de Alenquer assegurar que a água para consumo humano colocada à disposição dos munícipes satisfaria as exigências de qualidade, garantindo o município que a água não apresentava, em caso algum, sinais de deterioração da sua qualidade, fosse qual fosse o ponto do sistema de abastecimento de onde fosse recolhida a amostra. A água recolhida no Fiandal vem, infelizmente, provar que a Câmara de Alenquer se tem demitido das suas responsabilidades neste contexto.

Fonte: Fudamental